Economia
Confusão governamental - Lei sobre divisão de ICMS no comércio online entre estados é sancionada, mas só deve valer em 2023

Como já vinha sendo alardeado, os estados devem deixar o ICMS relativo ao recolhimento do Diferencial de Alíquota (DIFAL) nas operações entre os estados de origem e destino de mercadorias destinadas ao consumidor final em 2022. Isso ocorre mesmo com a sanção presidencial na quarta-feira (5), sem vetos, de uma proposta que regulamenta a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na venda de produtos e serviços nos casos em que o consumidor final reside em um Estado diferente de onde o item foi originado — caso das compras feitas online.

Ocorre que foi sancionada a Lei Complementar nº 190/2022, que regula a cobrança do Difal para não contribuinte do ICMS. Esta norma altera vários dispositivos da Lei Complementar nº 87/1996 (Lei do ICMS) e foi uma exigência do Supremo Tribunal Federal (STF) como condição para cobrança do Difal da EC nº 87/2015. A norma altera também as regras para o cálculo do Difal nas saídas interestaduais destinadas a contribuinte. A Lei afirma que a regra começa a valer em noventa dias, mas neste ponto inicia o problema.

“Embora a Lei determine que seus efeitos se iniciam no prazo de 90 dias, contado da data de sua publicação (05.04.2022), em atendimento ao art. 150, III, "c", da CF/1988 (princípio da noventena), para o ICMS prevalece o princípio da anterioridade anual (art. 150, III, "b" da CF/1988). Significa dizer que, respeitada essa última regra constitucional, a produção de efeitos inicia-se apenas em 1º.01.2023”, explica Welinton Mota, diretor tributário da Confirp Consultoria Contábil.

Ele informa que tal efeito poderá ocasionar severas reduções de arrecadações para os estados e trará grande vantagem competitiva para empresas que fazem esse tipo de transação, podendo os descontos serem passados ao consumidor.

Entenda melhor

Uma situação inusitada está ocorrendo na cobrança do Difal ICMS, ou Diferencial de Alíquota do ICMS. Ocorre que empresas do segmento de Varejo e e-Commerce deixarão de pagar o Difal devido nas operações interestaduais por mesmo com a Legislação Complementar, que foi publicada nesse ano e isso pode refletir em diminuição de preços para o consumidor final.

“Ocorreu uma decisão do STF e a partir 1º de janeiro de 2022 não poderá ser cobrado o Difal nas saídas interestaduais destinadas a não contribuinte do ICMS, em razão do Poder Executivo não ter sancionado a Lei Complementar a tempo (em 2021). Portanto, essa cobrança somente poderá ser feita a partir de 2023, com a publicação de Lei Complementar em 2022”, explica Welinton Mota.

Ele explica que tal regra respeita o princípio constitucional da anterioridade anual a que se sujeita o ICMS. “Essa mudança impacta em todas as empresas que realizam operações interestaduais destinadas a não contribuinte do ICMS, principalmente as e-commerce”, complementa.

O Difal ICMS é uma solução criada para que o recolhimento desse imposto fosse feito de maneira mais justa entre os estados. Contudo, em 2015 foi publicado a Emenda Constitucional 87/2015 que alterou o recolhimento do ICMS devido em operações interestaduais destinando mercadoria de consumo para não contribuintes.

"Antes da Emenda Constitucional, o ICMS nas operações interestaduais em operações destinando mercadorias para consumidor final de outro Estado, o ICMS integral era devido apenas para o Estado de origem da mercadoria, o que beneficiava os grandes Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, por exemplo, o que gerava a Guerra Fiscal entre os Estados", explica o diretor da Confirp Consultoria Contábil.

Ele complementa a explicação lembrando que após a edição da emenda ficou definido que o ICMS seria devido parte para o Estado de origem e a outra parte para o Estado de destino. Por exemplo, se o produto comercializado fosse vendido de São Paulo para a Bahia, a alíquota do ICMS na operação interestadual é de 7%; este percentual é devido para São Paulo, no entanto, o mesmo produto dentro do Estado da Bahia tem alíquota de 18%, neste caso, o vendedor paulista (varejo ou e-commerce) teria que recolher o Difal, que é de 11%, ou seja, 18% da Bahia menos os 7% de São Paulo.

Acontece que o Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional a cobrança do Difal sem Lei Complementar e politicamente (para não prejudicar os Estados) manteve a cobrança até 31/12/2021, e a partir de 2022 somente com a edição da legislação complementar. Como essa não foi publicada em 2021, não pode produzir efeitos em 2022. E sendo publicada em 2022, somente produzirá efeitos a partir de 01/01/2023.

Na contramão disto, existe ainda outro fator importante a ser considerado e que poderá ocorrer. Atualmente os Estados estão aparelhados para exigir o Difal, inclusive podendo apreender as mercadorias nas barreiras fiscais, caso o vendedor varejista não comprove o recolhimento do Difal. Pensando nisto, temos um cenário que poderá vir a ser caótico, caso algum Estado utilize tal prática, o que configuraria desobediência à uma decisão do STF.

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