Cultura
Novo filme de Jorge Bodanzky denuncia poluição de mercúrio na Amazônia brasileira
Foto: O2 Play
Alessandra Korap, Liderança Munduruku, em cena do documentário Amazônia, A Nova Minamata?, dirigido por Jorge Bodanzky. |  O2 Play
Alessandra Korap, Liderança Munduruku, em cena do documentário Amazônia, A Nova Minamata?, dirigido por Jorge Bodanzky.

O novo documentário de Jorge Bodanzky, Amazônia, A Nova Minamata? chega aos cinemas em 4 de setembro, com distribuição da O2 Play. O filme acompanha a saga do povo Munduruku para conter o impacto destrutivo do garimpo de ouro em seu território, e ao mesmo tempo revela como a Doença de Minamata, decorrente da contaminação por mercúrio, ameaça os habitantes de toda a Amazônia hoje.

Com coprodução da Globo Filmes e Globonews, e realização da Ocean Films, o longa foi produzido por Nuno Godolphim e João Roni, tendo Walter Salles e a VideoFilmes como produtores associados. Bodanzky também dirigiu o filme Iracema, Uma Transa Amazônica, de 1974. "Fiz muitos filmes sobre a região, mas este é seguramente um dos mais importantes e difíceis da minha vida, pois alerta para os riscos que a contaminação de mercúrio significa para as novas gerações da região amazônica", comenta Jorge Bodanzky.

O documentário relata a dramática realidade que está hoje em curso na Amazônia. Invadida criminosamente pela mineração ilegal, que destrói a floresta enquanto deposita toneladas de mercúrio nos seus rios, a Amazônia percorre o mesmo processo de contaminação silenciosa que aconteceu em Minamata no século passado.

Bodanzky, gravando entre os Mundurukus em 2016, ouve o relato de um médico de que haviam quase 200 pedidos de cadeiras de roda para crianças com problemas neurológicos e resolve começar a filmar as pesquisas que se seguem.

Após levantar a questão do que está ocorrendo no território Munduruku, no Pará, Bodanzky vai ao Japão para resgatar a história de Minamata, cidade cujos habitantes sofreram graves sequelas de contaminação do mercúrio despejados por uma indústria no mar da região ao longo de vários anos. Cenas que chocaram o mundo na época revelam o efeito deste metal pesado no sistema nervoso central de seres humanos. Muitas pessoas foram levadas à morte e uma geração de crianças com má formação congênita despertou a atenção da Organização Mundial da Saúde e da imprensa internacional.

Durante as filmagens, em 2021, os sobreviventes de Minamata, ao descobrirem a situação na Amazônia nos dias atuais, enviaram uma mensagem contando a história de sua luta para acabar com a contaminação e recuperar a baía de Minamata. Esta mensagem virou um curta, que foi dublado em Munduruku e apresentado às comunidades indígenas para informar a população sobre as consequências do garimpo em suas terras.

Lideranças Munduruku, como Alessandra Korap, que haviam convidado médicos e pesquisadores para investigar os problemas de saúde da sua comunidade, começam a se mobilizar para conter a atividade garimpeira em seu território, enfrentando ameaças de todas as formas, incluindo a tomada da cidade de Jacareacanga por garimpeiros.

O documentário equilibra um conteúdo científico muito complexo com o drama humano dos indígenas que se veem ameaçados por uma doença que compromete a saúde dos adultos de forma silenciosa, mas tem consequências desastrosas nas novas gerações.

Confira o trailer oficial

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Amazônia, A Nova Minamata? conduz sua narrativa de forma delicada ao acompanhar as investigações do neurologista paraense Erick Jennings e cientistas da FIOCRUZ, em busca da razão de haver tantas crianças com problemas neurológicos na região, para então ouvir o brado de Alessandra Korap e do povo Munduruku em defesa do futuro de seus filhos.

 Cena do documentário Amazônia, A Nova Minamata?, dirigido por Jorge Bodanzky | Divulgação: O2 Play

Para Bodanzky, o filme, sem ser apelativo, é uma denuncia de como a atividade garimpeira, principal responsável pelo desmatamento e degradação dos territórios indígenas e de áreas protegidas nesta década, está deixando um rastro de contaminação por mercúrio, o que vai afetar drasticamente a saúde das populações amazônicas por dezenas de anos.

“As pessoas sabem que o peixe está envenenado, mas é difícil enxergar o que está por trás disso e quais são as consequências. Resultados só serão visíveis nos próximos 20, 30 anos, pois os sintomas demoram muito para aparecer e esse filme é uma forma de alerta”, destaca Bodanzky

Sobre a Personagem 

Alessandra Korap é reconhecida internacionalmente por seu trabalho em defesa de seu território. Em 2020 recebeu o Prêmio Robert F. Kennedy de Direitos Humanos, nos Estados Unidos. Em 2023 ganhou o Goldman Prize (considerado o Nobel do Meio Ambiente) por sua luta contra mineradoras. Atualmente é presidente da Associação Pariri, que representa as 13 aldeias do Médio Tapajós na região de Itaituba (PA).

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