Pela primeira vez na história do Estado um indígena assume a Gerência de Desenvolvimento da Educação Indígena. Waxiy Maluá Karajá foi nomeado para a função pela Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes (Seduc), com publicação no Diário Oficial do Estado, e tomou posse no novo cargo nesta sexta-feira, 1º. Waxiy exercia a função de diretor na Escola Indígena Krumare, da Aldeia JK, localizada na Ilha do Bananal e jurisdicionada à Diretoria Regional de Educação de Paraíso. Ele também já atuou como técnico na Seduc, no setor de Educação Indígena.
De acordo com a titular da Seduc, Adriana Aguiar, a indicação ocorreu pelo Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena (CEEI). “Foram considerados critérios técnicos, dentre estes destacam-se o tempo de trabalho prestado como técnico na própria Gerência de Educação Indígena. Além de ser uma forma de democratizar as demandas dos povos indígenas do Tocantins com decisões tomadas pelos representantes de suas etnias próprias, é um compromisso da Secretaria de Educação proporcionar empoderamento de cada comunidade, atendendo adequadamente cada individualidade”, ponderou.
Waxiy Karajá disse que a nomeação representa uma conquista de toda a população indígena. “O ato é um reconhecimento da Educação para a comunidade indígena do Tocantins. É um marco para o Tocantins, depois de tantos anos de expectativa”.
Segundo o presidente do CEEI, Adriano Karajá, trata-se de um ato histórico para o Estado. “É a primeira vez que o Conselho tem autonomia para discutir as demandas dos povos indígenas. O Conselho agradece em nome dos povos indígenas do Tocantins esse ato, que vai ficar gravado na memória de todos”.
Demanda indígena
A nomeação do gerente, representante do povo Karajá, atende demanda da comunidade indígena, que inclusive foi proposta pelos representantes do Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena (CEEI) dos sete povos do Tocantins, durante audiência na Seduc, na semana passada.
No encontro com o subsecretário da pasta, Robson Vila Nova Lopes, as comunidades indígenas tiveram a oportunidade de apresentar as propostas de melhorias na educação conforme as necessidades locais. Os membros do Conselho entregaram documento com sugestões de políticas públicas da educação indígena, levantadas durante plenária do CEEI.
Entre as demandas, além da nomeação do gerente, destacam-se o acompanhamento pedagógico das Diretorias Regionais de Educação, a melhoria da estrutura das escolas indígenas e a realização de concurso público para professores indígenas.
O subsecretário da Seduc disse que é um momento de fortalecimento das ações de políticas públicas. “O Conselho tem caráter consultivo, propositivo e deliberativo e, com essa iniciativa, a Secretaria fortalece a articulação das ações entre a Seduc e o Conselho. Uma oportunidade para receber as demandas das etnias e dar celeridade das ações no âmbito da Secretaria de Educação”.
O presidente do CEEI assegurou que o documento representa as demandas das 108 escolas indígenas e suas extensões. "As comunidades de todos os povos indígenas do Estado aguardam um retorno dessas propostas", destacou Adriano Karajá.
Além dos membros do CEEI, também participaram dos debates a Associação de Professores Indígenas do Estado do Tocantins, União dos Universitários do Tocantins, diretores regionais de educação, e o procurador do Ministério Público Federal, Álvaro Manzano, que orientou os membros do Conselho a formalizarem as demandas de forma coletiva a fim de facilitar o planejamento das ações.
