Palmas
Sobre Plano Diretor, Amastha defende criação de instituto de Planejamento Urbano
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Um dos maiores representantes da iniciativa privada em Palmas, o empresário Carlos Amastha (PP), presidente do grupo Skipton e proprietário do Capim Dourado Shopping, vê sua possível candidatura à Prefeitura de Palmas ganhando corpo aos poucos. Atualmente, ele se coloca como a “terceira via” de opção política entre os candidatos que se consideram base do governador Siqueira Campos (PSDB) ou do prefeito Raul Filho (PT).

Sempre com bom relacionamento, tanto com o governador do Estado, quanto com o prefeito, o empresário possui opinião forte e bem definida sobre os principais gargalos de desenvolvimento da capital. Nesta entrevista, parte de uma série especial feita com os pré-candidatos à prefeito da capital, ele deixa claro seu posicionamento sobre assuntos espinhosos como a expansão do Plano Diretor e a ampliação do sistema de transporte urbano de Palmas.

Veja a íntegra da entrevista:

Conexão Tocantins - A prefeitura de Palmas tem divulgado que a cidade é uma das que mais cresce na região norte. Mas, na sua opinião, o que realmente faz com que a cidade cresça e se desenvolva?

Carlos Amastha - Grande parte do crescimento é resultado do trabalho do setor privado. Isso pode ser comprovado com o crescimento do número de pessoas ocupadas na Capital e isso é visível. Nos últimos três anos, grandes varejistas instalaram-se em Palmas, gerando milhares de empregos e fortalecendo a economia. Esse é um trabalho que o setor privado tem feito de forma muito forte, acreditando no potencial de Palmas e região. Mas acredito que poderia estar ainda melhor se houvesse uma gestão planejada para atrair novos empreendimentos e incentivar os diversos setores da economia. Existem erros de planejamento em diversos setores. O turístico é um deles. Não há um planejamento de incentivo ao turismo de negócios, um dos mais rentáveis no mundo. É preciso pensar a economia de forma ampla e organizada. Caso contrário à economia da Capital vai patinar.

CT – A polêmica do Plano Diretor é um dos assuntos que tomou conta da capital desde o ano passado. Qual seu posicionamento claro sobre possíveis alterações no plano diretor da cidade? Você é contra ou a favor a criação de uma área de expansão urbana?

C.A - Sobre este assunto, é necessário reforçar que os erros proveem exclusivamente de duas fontes; ignorância ou má fé. Ignorância, não é pecado. Ninguém nasce sabendo e procurar o conhecimento é parte essencial do crescimento do ser humano. Já, quando nos referimos à má fé é completamente diferente e deve ser combatido às máximas consequências para garantir o futuro da sociedade. Sou contra o projeto de expansão do Plano Diretor em discussão no Legislativo municipal. É necessário e fundamental considerar questões como a moradia popular, a regularização fundiária de áreas urbanas, meio ambiente e o planejamento da cidade, com a criação e implantação do Instituto de Planejamento Urbano de Palmas, este sugerido e defendido primeiramente por mim, além é claro do fortalecimento da zona rural de Palmas, com a formação de um cinturão verde onde sejam cultivados produtos para abastecer a cidade Agora me explique: como querem aprovar um projeto que não leva em consideração a necessidade e importância de se preservar áreas no entorno da Serra do Lajeado, visto que as áreas em discussão se localizam próximo a este patrimônio natural que precisa e deve ser preservado de modo a garantir o equilíbrio ambiental indispensável para nossa cidade e região? Por que não é proposto um adensamento efetivo e real da cidade, com uma regularização fundiária que atenda os interesses sociais e a implantação de Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS? A utilização do IPTU Progressivo a ação fiscalizatória dos poderes constituídos não são necessários para conter o surgimento de novos loteamentos irregulares, evitando assim o crescimento desordenado de nossa capital? Não é necessário e estratégico que as pessoas de baixa renda morem próximas aos eixos estruturantes da cidade, facilitando o acesso ao transporte e equipamentos públicos, como postos de saúde e escolas, além de baratear o custo do transporte público? Acredito e defendo que as necessárias alterações do plano diretor devem ser debatidas dentro de um contexto eminentemente técnico e obviamente referendadas pelos entes políticos escolhidos para tomar as decisões em nome da maioria. Muito diferente do doloroso processo que estamos vivendo em que o interesse de poucos especuladores se sobrepõe ao bem comum. Cada noite quando percorro as ruas da cidade e percebo os inúmeros vazios urbanos, a sujeira, a escuridão, o descuido, a impossibilidade de atender à população com serviços de qualidade como transporte e saúde, quando lembro-me de todos os instrumentos que o município tem a sua disposição para forçar a ocupação desses vazios e que não estão sendo implementados então tenho certeza que vale à pena levar este debate às ultimas consequências. Não temos o direito de errar.

CT– Trânsito e Transporte. Como melhorar essa área na capital?

C.A - Primeiramente gostaria de pontuar que a cidade deve ser construída para o ser o humano. Palmas foi concebida como uma cidade planejada e a sua implantação deu-se com a abertura das amplas avenidas, mas sem a contrapartida da execução do sistema de transportes coletivos. O transporte público só será eficiente e viável economicamente se houver demanda e renovação de passageiros ao longo do seu itinerário. Por essa razão, a utilização mais intensa do solo ao longo dos eixos de transportes, com usos mistos - comércio, habitação, serviços – será indispensável. Não podemos deixar de comentar que o trânsito de Palmas tornou-se um grave problema de saúde pública. A sociedade já não suporta ver tantos acidentes causados por imprudência, imperícia e falta de educação. É preciso que a administração pública desenvolva práticas focadas nos condutores de veículos, conscientizando-os sobre direção responsável. E mais: a solução que enxergo para tudo isso é o rigor. Rigor na formação dos condutores, na lei de fiscalização e punição dos acidentes de trânsito e no trabalho preventivo junto à sociedade. Precisamos também de honestidade, de transparência no investimento financeiro aplicado às vias públicas de trânsito, incluindo as condições de pavimentação e de sinalização, que são aspectos muito relevantes para evitar acidentes.

CT - Como você avalia o setor de saúde na capital e a prestação de serviços por parte da prefeitura? E nos bairros mais distantes? O que, na sua opinião, é preciso melhorar na saúde de Palmas?

C.A - Em Palmas existem problemas que se arrastam há anos, sem serem resolvidos. Um deles é a saúde, que está há anos apresentando problemas de gestão. Vou citar um exemplo. No ano passado o secretário de Saúde de Palmas falou que a cidade estava prestes a viver uma epidemia de dengue. Muito pouco foi feito para se evitar e a epidemia chegou e colocou Palmas como a cidade com os maiores índices de casos de dengue no País. A prefeitura sabia do problema e deixou que ele acontecesse. Isso é um absurdo. É falta de planejamento e acima de tudo de responsabilidade com a sociedade. O prefeito fez uma promessa de campanha de 2004 que virou folclore, quando ele prometeu construir dois hospitais em Palmas. Oito anos se passaram e onde estão os hospitais? Não passaram de promessas de campanha. É por isso que defendo tanto a discussão e a construção de um projeto de desenvolvimento para a cidade que não seja apenas discurso de campanha. Todas as ações também devem ser planejadas de forma participativa e integrada entre os profissionais de saúde e representantes da comunidade. Temos que ter um sistema de saúde acolhedor e inclusivo, melhorando, por exemplo, o atendimento nas unidades de saúde, o atendimento médico de acordo com a necessidade, estruturando toda a rede de serviços para garantir atendimento de forma integral à comunidade.

CT – Na geração de emprego e renda quais são seus planos, caso se torne futuro gestor da cidade, para melhorar essa área?

C.A - Um ponto que merece atenção é o aumento da renda do trabalhador que ainda é pequeno. Só há crescimento da renda do trabalhador se a economia estiver fortalecida e a população qualificada. É preciso estimular essas áreas, para melhorar a qualidade de vida da população. A atração de novos investimentos também é necessária para que tenhamos mais vagas no mercado de trabalho e a econômica não gire em função do poder público.

CT – Quais obras de infra-estrutura você pretende construir caso venha ser prefeito de Palmas?

C.A - Toda e qualquer obra dever ser concebida dentro de um processo de planejamento contínuo. A cidade deve estar estruturada em torno do transporte público, além de incorporar novas tecnologias e buscar, não só a consolidação desse modelo, mas utilizar a tecnologia como um fator de crescimento. Sabemos das inúmeras necessidades da cidade, como novos hospitais, postos de saúde, escolas, praças. Mas todas devem ser planejadas e executadas levando em consideração as necessidades da cidade como um todo.

CT – Cultura e Turismo. Como alavancar mais estes setores na mais novacapital do País?

C.A - Como disse anteriormente, existem erros de planejamento em diversos setores. O turístico é um deles e de cultura também. Não há um planejamento de incentivo ao turismo de negócios, um dos mais rentáveis no mundo, e nem tão pouco ao fortalecimento da cultura local. Temos lindos espetáculos culturais, como o das quadrilhas, além de artistas de qualidade. Entretanto precisamos de uma política de incentivo viável para desenvolver e fortalecer o setor. O poder público não trabalha o planejamento estratégico da área, como, por exemplo, a construção de um calendário de eventos. É preciso pensar o turismo de forma planejada com foco no fortalecimento da economia.

CT – Quais serão suas primeiras ações caso venha a ser o prefeito de Palmas?

C.A - Planejar o crescimento de uma cidade em harmonia com o aumento da população e suas demandas é alcançar a qualidade de vida que tanto se fala. Definitivamente é necessário aliar qualquer ação à sustentabilidade e ao desenvolvimento econômico. A soma desses dois fatores deve ser o bem estar da população. Não existe hoje, por exemplo, um processo de planejamento contínuo e livre de ingerências de natureza político-partidária que lhe confira continuidade. A cada mudança de governo, mudam-se as prioridades, paralisam-se obras, articula-se para as próximas eleições. O que precisamos é de um processo contínuo de planejamento, visando constituir um conjunto de núcleos urbanos estruturados e distribuídos espacialmente de acordo com as vocações econômicas e necessidades de cada região. A criação de uma rede integrada de infraestruturas físicas e sociais se faz urgente, para que tenhamos um desenvolvimento e crescimento sustentável equilibrado e socialmente equitativo. Além disso, temos que fortalecer o sentimento de autoestima da população.

CT - Como você avalia nas principais áreas a atual gestão do prefeito Raul Filho? O que precisa mudar na sua opinião?

C.A - A gestão do prefeito Raul filho e toda a sua equipe é marcada por erros e acertos. Mas em Palmas existem problemas que se arrastam há anos, sem serem resolvidos. A falta de planejamento e ingerência política devem acabar. É preciso profissionalizar toda e qualquer ação. Não cabe a nenhum gestor ser amador ou cometer erros primários. Cada passo dado reflete diretamente na vida de cada cidadão.

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