Opinião
Como alimentar um mundo superpovoado de forma sustentável?
Valter Casarin, coordenador geral e cientifico da NPV.
Valter Casarin, coordenador geral e cientifico da NPV.

O planeta Terra caminha a passos largos para atingir 10 bilhões de habitantes até 2050. Diante desse cenário, será preciso aumentar a produção de alimentos entre 50% e 70% para atender as necessidades alimentares dos moradores do planeta. Isso se torna mais preocupante quando lembramos que atualmente existem mais de 800 milhões de pessoas que passam fome e aproximadamente 1 bilhão de desnutridos no mundo.

Dentro desse contexto, a pergunta do momento é: como garantir a segurança alimentar de tantos habitantes de forma sustentável? A resposta é simples e atende pelo nome de fertilizantes, que se tornaram essenciais para a agricultura moderna, já que melhoram o crescimento das plantas, aumentam a produtividade e corrigem deficiências nutricionais. Ao enriquecer o solo e promover uma fertilização equilibrada, eles contribuem efetivamente para a sustentabilidade das práticas agrícolas.

Para produzir mais alimentos existem dois caminhos: aumento da área cultivável ou aumento da produtividade. A primeira opção não é aquela que desejamos. Com a constante preocupação com o desmatamento, o aumento de área provocará um grande impacto sobre o ambiente decorrente da derrubada de florestas.

O uso de fertilizantes se tornou um elemento-chave! Estima-se que apenas os fertilizantes nitrogenados sejam responsáveis pelo incremento de cerca de 40% na oferta de alimentos no mundo. Assim, podemos afirmar que o manejo nutricional dos solos é responsável pela maior produtividade das culturas, gerando a produção de alimentos, mas também contribuindo para a preservação de florestas, bem como a preservação da fauna e da flora dos diversos biomas do Brasil.

Também é sempre importante relembrar que a agricultura, por meio da fotossíntese das plantas, é o principal caminho para reduzir a concentração de CO2 atmosférico. Isso é feito através do chamado sequestro de carbono. Solos de baixa disponibilidade de nutrientes limitam a produção das culturas, prejudicam o bom funcionamento da fotossíntese, produzindo pouco alimento e resíduo vegetal. Em outras palavras, afetam o sequestro de carbono. Uma planta bem alimentada, com disponibilidade de nutrientes, irá ter maior desenvolvimento e maior captação de CO2 da atmosfera.

Sendo assim, é através do estabelecimento adequado da fertilidade do solo, fornecendo os nutrientes que estão faltando que os vegetais produzirão adequadamente. Essa é a função que o fertilizante apresenta para proporcionar ganhos produtivos e, indiretamente, diminuir o efeito negativo das altas concentrações de CO2 na atmosfera.

Além disso, os fertilizantes estimulam a atividade biológica nos solos, fornecendo nutrientes necessários aos microrganismos que nele vivem. Esse aumento de vida microbiana ajuda a melhorar a estrutura e a fertilidade geral da terra cultivada para rendimentos sustentáveis. Isso aumenta a capacidade de reter água e nutrientes e promove uma vida microbiana saudável.

Solos bem nutridos e estruturados são menos suscetíveis à erosão. Ao fortalecer a estrutura do solo, os fertilizantes contribuem para a estabilidade das terras cultivadas, reduzindo assim a perda de solo e os danos ambientais.

Contudo, antes da aplicação de fertilizantes, é essencial realizar uma avaliação química do solo e das necessidades nutricionais específicas das culturas. Essa etapa crucial do diagnóstico permite ajustar as quantidades com a maior precisão possível. Evita-se assim qualquer excesso ou deficiência prejudicial ao bom desenvolvimento das plantas e à preservação do meio ambiente.

O uso responsável dos fertilizantes por parte dos agricultores permite a otimização de sua produção e, ao mesmo tempo, garante a preservação do meio ambiente e a saúde do solo para as gerações futuras. Com a dose certa, as plantas crescem bem e a quantidade de gases de efeito estufa emitida é mínima.

É assim que a agricultura e os agricultores encontrarão novas perspectivas, fornecendo soluções para o grande desafio de hoje e de amanhã: produzir alimentos respeitando e preservando o ambiente.

*Valter Casarin, coordenador geral e científico da NutrientesPara a Vida é graduado em Agronomia pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias/UNESP, Jaboticabal, em 1986 e em Engenharia Florestal pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"/USP, Piracicaba, em 1994. Concluiu o mestrado em Solos e Nutrição de Plantas, em 1994, na Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz". Recebeu o título de Doutor em Ciência do Solo pela École Supérieure Agronomique de Montpellier, França, em 1999. Atualmente é professor do Programa SolloAgro, ESALQ/USP e Sócio-Diretor da Fertilità Consultoria Agronômica.

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