Cultura
Filme realizado com o povo Yanomami é selecionado para participar da Quinzena de Cineastas de Cannes
Foto:Divulgação primeiroplanocom
Divulgação primeiroplanocom

O filme “A Queda do Céu” tem sua estreia mundial marcada para a Quinzaine des Cineàstes (Quinzena de Cineastas), prestigiosa mostra paralela ao Festival de Cannes que promove a descoberta de novos diretores independentes e contemporâneos, organizada pela La Société des Réalisateurs de Films (La SRF).

Dirigido por Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha, o documentário, produzido pela Aruac Filmes, é uma coprodução Brasil-Itália-França, da Hutukara Associação Yanomami e Stemal Entertainment com Rai Cinema e produção associada de Les Films d'ici. O filme é um diálogo com o livro homônimo de Davi Kopenawa, xamã Yanomami e um dos maiores líderes indígenas do mundo, e de Bruce Albert, antropólogo francês. A obra é considerada por muitos especialistas como um clássico contemporâneo. 

Esta não é a primeira vez de Eryk em Cannes. Em 2004, o cineasta disputou a Palma de Ouro de melhor curta-metragem por “Quimera” e, em 2016, recebeu o L'Œil d'or (Olho de Ouro) de melhor documentário no Festival de Cannes por ‘Cinema Novo’, seu sétimo longa. 

“Uma alegria imensa retornar ao Festival de Cannes, será minha terceira participação. Em 2016, “Cinema Novo” nasceu lá e viajou o mundo! Foi muito emocionante, ganhamos o L'Œil d'or de melhor filme documentário do festival. Agora, com a “A Queda do Céu” na Quinzena de Cineastas, será uma belíssima oportunidade e uma dupla celebração: de ver e ouvir explodir na tela o sonho e a luta do povo Yanomami e da força poética e geopolítica do xamã, filósofo e líder Davi Kopenawa. E, ainda, acompanhar a trajetória de um cinema que acreditamos e que está fora dos modismos e das convenções. De um cinema sem fórmulas, que navega no desconhecido, que transita entre a materialidade e o espírito e cuja linguagem surge da nossa relação com os Yanomamis e a comunidade de Watorikɨ, e que nasce, também, do nosso encontro com artistas Yanomamis que participaram criativamente da realização deste filme”, comenta Eryk.  

O filme é uma codireção com a artista Gabriela Carneiro da Cunha: “Essa é minha estreia na direção no cinema. É uma grande emoção estar em Cannes, na Quinzena de Cineastas, em uma mostra reconhecida por sua ousadia e apuro estético. Esse é um filme que busca uma linguagem própria e essa busca foi completamente acolhida pela curadoria. De certo modo, é bonito pensar que o filme “A Queda do Céu” irá nascer na França, terra de Bruce Albert, um dos autores do livro homônimo e que em breve estará também circulando na Terra Indígena Yanomami”, complementa a diretora. 

O filme é centrado na festa Reahu, ritual funerário e amais importante cerimônia dos Yanomami, que reúne centenas de parentes dos falecidos com a finalidade de apagar todos os rastros daquele que se foi e assim colocá-lo em esquecimento. A partir de três eixos fundamentais do livro (Convite, Diagnóstico e Alerta), o filme apresenta a cosmologia do povo Yanomami, o mundo dos espíritos Xapiri, o trabalho dos xamãs para segurar o céu e curar o mundo das doenças produzidas pelos não-indígenas, o garimpo ilegal, o cerco promovido pelo povo da mercadoria e a vingança da Terra. 

“‘A Queda do Céu’ é a expressão cinematográfica do arrebatamento que tivemos ao ler o livro. Mas principalmente da nossa relação e do que foi vivido em carne, osso e espírito ao longo dos últimos sete anos ao lado de Davi, Watorikɨ e os Yanomami. É um filme onde a câmera não olha só para os Yanomami, mas para nós não indígenas também. E isso sempre foi um fundamento do filme tanto para mim quanto para Eryk. Trabalhamos para fazer um filme que expressasse a materialidade onírica de uma relação”, explica Gabriela. 

“A floresta está viva. Só vai morrer se os brancos insistirem em destruí-la. (…) Então morreremos, um atrás do outro, tanto os brancos quanto nós. Todos os xamãs vão acabar morrendo. Quando não houver mais nenhum deles vivo para sustentar o céu, ele vai desabar”. Davi Kopenawa.

"Estamos no começo do fim do modelo de predação generalizada dos povos e do planeta inventado pelo ‘povo da mercadoria’ há poucos séculos. A palavra do Davi não é, portanto, uma mera profecia exótica. É um diagnóstico e um aviso". Bruce Albert. (Com informações Primeiroplanocom)

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