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Termo 'índio' é depreciativo e não alcança grandiosidade da nação indígena, aponta presidente do Indtins
O presidente do Indtins explica que o termo índio é depreciativo por relativizar a diversidade do povo indígena
O presidente do Indtins explica que o termo índio é depreciativo por relativizar a diversidade do povo indígena

O dia 19 de abril não é o ‘dia do índio’, é o Dia dos Povos Indígenas. Apesar da luta secular, a mudança formal desse termo ocorreu somente no ano passado, por meio de projeto de lei da primeira mulher indígena a ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados, Joenia Wapichana (Lei 14.402/22). 

Apesar disso, a adoção do termo ainda está longe de ser uma realidade no vocabulário brasileiro. Por isso, o Instituto Indígena do Tocantins (Indtins) faz um alerta para a importância da linguagem contra os estereótipos que perpetuam preconceitos.    

De acordo com o Instituto, índio é um termo genérico que foi padronizado a partir da visão dos invasores europeus nas terras indígenas. Ao contrário disso, o termo indígena, respeita as especificidades existentes entre esses povos, como nos seus modos de vida, cultura e língua.

Um novo olhar

O presidente do Indtins, Paulo Ixati Karajá, explica que o termo índio é depreciativo por relativizar a diversidade do povo. “O termo índio, que o invasor europeu padronizou, não alcança a grandiosidade da nação indígena, formada por diversas etnias, que guardam em si características muito particulares de cada grupo”, ressalta.

Paulo destaca que o olhar europeu só conseguiu enxergar a partir dos seus próprios conceitos e reduziu a ideia do que seriam os povos originários. “A linguagem padrão ainda reflete esse olhar dos europeus do momento da invasão, que ao invés de perceber um povo apenas diferente do ponto de vista cultural, da língua e de organização social, limitou-se a julgá-lo inferior”, diz.

O presidente da entidade completa que, o que a linguagem padrão faz é apenas reproduzir esse pensamento. "Portanto, é preciso que a sociedade assimile uma nova forma de se expressar, que seja capaz de refletir a ideia da complexidade da cosmologia indígena, e sua forma ampla de existir e de enxergar a vida”.

Letramento racial

Diante dessa realidade, o letramento racial é uma política urgente. O objetivo dessa prática pedagógica é conscientizar o indivíduo da estrutura e do funcionamento do racismo na sociedade. A finalidade é que, ao se tornar conhecedor e crítico possa ser um combatente do racismo no seu cotidiano.

Para a líder indígena e pedagoga Kamutaja Silva Ãwa, do povo Ãwa-Canoeiro, o letramento racial é de fundamental importância. “São estratégias para combater o racismo, o preconceito. E é uma prática necessária dentro da sociedade envolvente, a fim de construir um lugar mais acolhedor e respeitoso, porque o nosso Brasil é plural”, destaca a educadora, que preside a Associação do Povo Ãwa (Apãwa-TO) e também é membro do Indtins.

A também liderança indígena e assistente social Indinari idjanaru Santos Javaé, da etnia Javaé, destaca que a comunidade indígena dispensa os rótulos depreciativos da linguagem em uso. ‘Não aceitamos as colocações negativas e padronizadas sobre o nosso povo. Temos nossa essência, nosso modo de viver e de pensar que nos foi ensinado pelos nossos ancestrais, e as referências a nós na língua devem respeitar tudo isso, respeitar a nossa cosmologia”, conclui Indinari Idjanaru, que também é membro do Indtins.

População

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população indígena no Brasil é de cerca de 900 mil pessoas, distribuídas entre as áreas rurais e urbanas. São mais de 200 etnias e 170 línguas faladas.

No Tocantins, conforme o Diagnóstico das Comunidades Tradicionais no Estado do Tocantins, desenvolvido pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, ano passado, em parceria com o Indtins, a população é formada por mais de 14 mil indígenas autodeclarados. Destes, 81,9% vivem nas terras indígenas e os demais moram fora delas.

São povos indígenas tocantinenses os das etnias Karajá, Karajá/Xambioá e Javaé (Povo Iny); Xerente, Apinajé, Krahô, Krahô-Kanela, Kraho-Takaiwrá e Avá-Canoeiros. O povo da etnia Pankararu vive espalhado pelo Estado, sendo alguns no município de Gurupi, e não possuem terras demarcadas pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Há ainda a etnia Guarani, localizada na Terra Indígena Xambioá e a etnia Tapirapé, localizada no Parque do Araguaia.  

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