Opinião
Vítimas de golpes virtuais não devem se calar
Jorge Calazans é advogado especialista na área criminal
Jorge Calazans é advogado especialista na área criminal

A revolução da tecnologia  facilitou a vida de milhões de brasileiros, que conseguem se comunicar e resolver sua vida financeira através de aplicativos e ferramentas digitais, mas também expõe ao risco de fraudes e golpes. A pandemia da Covid-19 acelerou esse cenário e influenciou diretamente nos hábitos de consumo da população. Os meios digitais viraram a principal alternativa para boa parte da população para realizar suas compras.

E o PIX virou uma ferramenta usual, pela facilidade e também por não cobrar nenhum tipo de taxa. Segundo pesquisa realizada recentemente pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Sebrae, o PIX (70%) é tão utilizado quanto o dinheiro em espécie (71%) e fica à frente dos cartões de débito (66%) e crédito (57%).

Entretanto, virou também uma ferramenta para os gatunos virtuais. De acordo com um levantamento feito pelos bancos do país, até o fim de 2022, o prejuízo com golpes deverá ser de R$ 2,5 bilhões, sendo que desse montante cerca de R$ 1,8 bilhão, ou seja, 70% do total está relacionada ao famoso golpe do PIX. De janeiro a junho deste ano, as fraudes já somavam R$ 1,7 bilhão, das quais R$ 900 milhões foram PIX. 

E apesar das instituições financeiras investirem alto em sistemas de segurança, os clientes acabam sendo vítimas diárias de novas fraudes digitais. Segundo a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), a alta foi de 165% do golpe do PIX desde o início da pandemia. Neste ano, 1 em cada 3 pessoas sofreram, ao menos, uma tentativa deste tipo.

Hoje, o PIX virou o principal alvo dos bandidos, mas existem outros inúmeros tipos de fraudes: boleto falso, clonagem (ou sequestro) de WhatsApp, páginas e arquivos falsos para roubar dados (phishing), golpe do falso advogado, falsas centrais de atendimentos, Golpe do Motoboy, para citar os principais.

Por isso, é importante que o cidadão que possui um celular, com conta em banco, esteja sempre alerta e mantenha seus dados protegidos. Principalmente nos aplicativos de conversa. 

Importante destacar que mais de 2 bilhões de pessoas que usam o aplicativo WhatsApp para se comunicar por mensagens de texto e de voz no mundo e, por esse motivo, os golpistas vêm se especializando em invadir contas e ludibriar usuários. No Brasil, são quase 120 milhões de usuários aptos a cair nas armadilhas de criminosos, principalmente nos três golpes: clonagem, a conta falsa e o App espião. 

Por exemplo, no golpe da clonagem, os bandidos conseguem acesso aos dados de segurança do celular da vítima e clonam o número de WhatsApp. E com os dados em mãos, eles conseguem bloquear o acesso da pessoa ao aplicativo para pedir dinheiro aos contatos até furtar outros conteúdos, como informações financeiras e bancárias, para aplicar outros golpes. Para conseguir o acesso a esses dados, os bandidos realizam alguns caminhos: o envio de um link falso ou um telefonema, no qual se passam por funcionário de uma empresa ou instituição financeira, pedindo a confirmação de dados pessoais e , depois solicitam um código de confirmação enviado por SMS que permite sequestrar a conta de WhatsApp.

Outro golpe comum é o de hackear listas de contatos das vítimas em aplicativos online ou roubar dados públicos em perfis de mídias sociais. Com os dados eles criam uma conta falsa de WhatsApp com um número de telefone de mesmo código de área e adicionam nome, foto de perfil e status da vítima. Com isso, eles entram em contato com amigos da vítima para avisar que o número do telefone trocou e, em seguida, pedem dinheiro a esses contatos.

E existe também o golpe do APP espião, que permite o acesso remoto da conta de terceiros por aplicativos espiões, os spywares, que permitem o monitoramento das atividades da vítima no celular. O espião pode ser instalado por acesso físico ao aparelho de telefone da vítima ou phising, que é o furto de dados por meio de links maliciosos. Com isso, o criminoso tem acesso remoto aos dados pessoais, mensagens de WhatsApp, código de verificação, senhas de e-mail e mídias sociais, entre outras.

Com tamanha tecnologia, é inevitável que muitas pessoas acabem sendo vítimas de golpes. E caso isso aconteça, denunciar e alertar os meios adequados se torna uma obrigação para com as demais pessoas e a única maneira de acabar com esses golpes, além de tentar reaver o capital perdido. 

Se você foi vítima de algum golpe procure a Polícia Civil, guarde e imprima todos os dados e procure um advogado de sua confiança para reaver os valores. 

*Jorge Calazans é advogado especializado na Defesa de Investidores Vítimas de Fraude Financeira, sócio do Escritório Calazans e Vieira Dias Advogados, membro do IPGE (Instituto de Proteção e Gestão do Empreendedorismo e das Relações de Consumo) e Conselheiro Estadual da Anacrim-SP (Associação Nacional dos Advogados Criminalistas).

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