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Estudo relaciona expansão da soja à violência contra comunidades camponesas no Tocantins

(Foto: Thomas Bauer )
Foto: Thomas Bauer

Incêndios criminosos em casas, morte de animais, ameaças e expulsões de moradores de camponeses são o retrato dos 11 mil hectares de terra supostamente grilados por uma família de Santa Catarina (SC) na Gleba Tauá, no município de Barra do Ouro, região nordeste do Tocantins. É o que aponta o estudo “Na fronteira da (i) legalidade: Desmatamento e grilagem no Matopiba”, publicado na última quinta-feira, 11, pela Associação dos Advogados/as de Trabalhadores/as Rurais da Bahia (AATR) e a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, com a contribuição do IFBaiano (Campus Valença/BA).

A pesquisa faz a análise de quatro casos da fronteira agrícola do Matopiba, composta pela região de Cerrado dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que ilustram a relação entre desmatamento e grilagem (apropriação ilegal de terras) e violações contra povos e comunidades tradicionais.

 Foto: Thomas Bauer

A Gleba Tauá, terra pública registrada em nome da União desde 1984, é palco de graves conflitos associados à grilagem de terras e desmatamento ilegal, para implantação de monocultivos de grãos, sobretudo soja. A área de 20 mil hectares, que abriga territórios tradicionais e camponeses lutando por regularização fundiária e reforma agrária, tem sido, ao longo dos últimos 30 anos, apropriada de forma ilegal e violenta pela família catarinense que teria, segundo a AATR, desenvolvido ao longo dos anos, diversas estratégias de grilagem, “atirando para todos os lados” numa guerra jurídica contra as comunidades da Gleba.

 Foto: Thomas Bauer

Algumas dessas ações teriam sido operadas nos cartórios de registros de imóveis, outras por meio do Poder Judiciário e outras ainda contando com o apoio de órgãos como o Incra e legislações que lavam a grilagem. Na Gleba Tauá, o desmatamento ilegal foi, segundo a AATR, uma arma fundamental da família catarinense para a consolidação da grilagem, tornando sua permanência na área um fato consumado, e sendo um instrumento de violência e afronta aos territórios tradicionais e camponeses. Hoje, segundo a AATR, a Gleba está quase totalmente devastada. Até 2020, 12.334 hectares de cerrado já haviam sido desmatados e, se não fossem os territórios e a resistência popular, não haveria mais Cerrado para contar essa história, segundo a associação.

Segundo o levantamento, sobrepostos à Gleba Tauá existem 93 registros de Cadastro Rural Ambiental (CAR), ocupando uma área total de 13.498 hectares, o que corresponde a 65% da Gleba. A área registrada como sendo de reserva legal é de apenas 1.883 hectares. É importante lembrar que o território é área de Cerrado inserida na Amazônia Legal, o que exige 35% de reserva legal. No caso da Gleba Tauá, de todos os registros de CAR, apenas 14% está reservado como área protegida.

"Na fronteira da (i) legalidade: Desmatamento e grilagem no Matopiba"aponta recomendações de enfrentamento deste cenário , que serão enviadas para os órgãos do Sistema de Justiça, a exemplo do Conselho Nacional de Justiça, Corregedorias dos Tribunais de Justiça, Ministérios Públicos e Defensorias Públicas Estaduais.

A pesquisa está disponível na integra aqui.

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