Saúde
Ex-ministro da Saúde diz que governo brasileiro demorou a acreditar na potência da pandemia
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Em entrevista a Luiz Augusto Zucki, o ex-ministro da Saúde, Luiz Carlos Borges da Silveira, afirma que é lastimável e até criminosa a atitude de lideranças políticas que politizam a pandemia da covid-19, colocando o ego pessoal, vaidade e lucros eleitorais futuros no centro do enfrentamento à crise sanitária mais grave de toda a história do Brasil. O ex-ministro ainda critica o Plano Nacional de Operacionalização da Vacina Contra a Covid-19 e afirma que é muito falho, "sem plano nacional por falta de liderança do Ministério da Saúde", diz. 

Confira abaixo a entrevista na íntegra. 

Como o Senhor avalia o Plano Nacional de Operacionalização da Vacina Contra a Covid-19?

R: Muito falho, sem plano nacional por falta de liderança do Ministério da Saúde. Apesar da ótima estrutura do SUS estamos vivendo um momento muito difícil por falta de um planejamento adequado para a gravidade da pandemia.

Para alguns analistas do setor de saúde, o Brasil perdeu tempo para adquirir as vacinas, o senhor concorda com isso?

R: Sim, o governo brasileiro demorou a acreditar na potência dessa virose e não adquiriu as vacinas; com isso retardamos a vacinação.

O combate à Covid-19 está politizado? A crise sanitária foi transformada em crise política?

R: Infelizmente sim é lastimável, vergonhoso e até criminoso a atitude de lideranças políticas que colocam seu ego pessoal, vaidade e lucros eleitorais futuros num enfrentamento à crise sanitária mais grave de toda a história.

Essa troca de Ministros, qual é a sua avaliação?

R: Na minha opinião não houve troca de Ministros da Saúde e sim troca de prepostos, pois o titular desde o início foi o presidente Bolsonaro

Uma de suas marcas deixadas quando então ministro da saúde foi a criação, pelo artista Darlan Rosa, do Zé Gotinha. Como foi o efeito da campanha em sua gestão?

R: Em 1986 o surto de poliomielite estava se agravando e não estávamos conseguindo convencer os pais a levarem seus filhos à vacinação nos postos de saúde. A UNICEF estava estimulando a erradicação da Pólio em todo o mundo. O Ministério da Saúde contratou o artista plástico Darlan Rosa para criar a figura e promoveu um concurso entre os alunos do ensino público de todo o Brasil para a escolha do nome que simbolizasse a vacinação. Venceu o nome Zé Gotinha e eu o oficializei em dezembro de 1987.

Com o símbolo Zé Gotinha intensificamos o Dia Nacional de Vacinação e erradicamos a Poliomielite no País.  O Zé Gotinha não ficou apenas na poliomielite, mas representando todas as campanhas de vacinação, o que tornou o Brasil referência mundial.

Agora surge polêmica em torno da imagem postada pelo Deputado Eduardo Bolsonaro como Zé Gotinha segurando uma seringa no formato de uma arma com a mensagem “Nossa arma agora é a vacina” qual é a sua opinião?

R: Ridículo, mas não prejudica a imagem do Zé Gotinha. A arma é uma das marcas desse governo.

Existem muitas medidas adotadas pelos governos, sobre o fechamento de diversas atividades, o “lockdown”, como senhor a avalia?

R: Esse vírus é altamente contagioso e se propaga com uma grande velocidade. Estamos enfrentando com uso de máscaras, higiene principalmente das mãos e distanciamento social para atenuar o problema, mas somente com a vacinação da população venceremos essa guerra. Os governos têm tomado medidas impopulares, mas necessárias porque a população não está colaborando como devia diante da gravidade do quadro.

E sobre o movimento de empresários que querem comprar vacinas para distribui-las gratuitamente ao Sistema SUS. Qual é a sua opinião?

R: O momento exige colaboração de todos, é hora de solidariedade. Acho que como o governo já noticiou que estará com vacinas suficientes para vacinar toda a população o empresariado poderá comprar e doar aos hospitais materiais e insumos necessários para o atendimento aos pacientes.

Está otimista com o desfecho final desta situação causada pela Covid-19 no Brasil?

R: Muito preocupado. A Covid-19 ainda é uma desconhecida. Quando existem muitas opiniões divergentes é porque não sabemos se a imunidade adquirida é permanente ou temporária, se funciona ou não o tratamento precoce.

Vamos vencer, mas com muitas dificuldades e só com a vacinação de toda a população.

Em sua opinião a população de um modo em geral tem noção da gravidade da situação da pandemia?

R: Acho que não como deveria e isso se deve em grande parte a posição inicial do presidente da República que minimizou a gravidade da doença e promoveu aglomerações frequentes sem uso de máscaras. Ele não estava agindo como o cidadão Jair Bolsonaro, mas como Presidente da República e líder de um País.

Agora existe uma preocupação com novas cepas de vírus, ou seja, compromete o plano de vacinação?

R: A ciência está atenta e já demostrou competência ao produzir vacinas em tempo recorde. Nunca conseguimos vacinas para determinadas doenças em menos de três anos de estudos e pesquisas. Para a Covid-19 conseguimos em seis meses. É a nossa esperança.

Qual a sua mensagem a população e governantes diante da situação do Brasil com a pandemia?

R: A gravidade da crise exige união de esforços de todos para enfrentar um inimigo poderoso e invisível. A solidariedade deve ser a Bandeira de União e as ações de prevenção devem ser de toda a população. Máscaras, lavar as mãos e distanciamento social e o governo agilizar a vacinação que é a nossa salvação.

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