Economia
Demanda por investimento da micro e pequena empresa cai 1,7 pontos em agosto e atinge segundo pior patamar do ano

As seguidas revisões para baixo das projeções da atividade econômica e a persistência de juros elevados na ponta, mesmo com a Selic em baixa, têm impedido a disposição dos micro e pequenos empresários do ramo do comércio e serviços em realizar investimentos em seus negócios. Dados apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostram que a intenção de investimentos caiu 1,7 pontos em um mês, ao passar de 40,9 pontos em julho para 39,3 pontos em agosto. Trata-se do segundo pior resultado do ano, ficando atrás apenas do mês de junho, período marcado pela paralisação dos caminhoneiros. A escala do indicador varia de zero a 100, sendo que quanto mais próximo de 100, maior é a propensão ao investimento.

Em números percentuais, o indicador revela que somente um terço (33%) dos micro e pequenos empresários estão interessados em promover investimentos em seus negócios nos próximos três meses. A maioria (53%) não fará qualquer investimento. A principal razão para a negativa é a percepção de que o país ainda não se recuperou totalmente da crise, com 36% de menções. Há ainda 36% de entrevistados que não veem necessidade e 19% que estão aguardando o retorno de alguma melhoria feita recentemente na empresa.

Na avaliação do presidente da CNDL, José Cesar da Costa, o baixo apetite ao investimento é justificado, em parte, pelas dificuldades econômicas que o país atravessa somadas às incertezas no campo eleitoral. “Sem boas perspectivas de uma retomada consistente da economia e vulneráveis ao processo eleitoral incerto, os empresários estão reticentes para assumir compromissos financeiros de longo prazo, já que os juros seguem elevados na ponta, a despeito da Selic baixa, e a demanda do consumidor continua retraída em razão do desemprego”, explica o presidente.

Considerando o universo de micro e pequenos empresários que têm a intenção de investir nos próximos três meses, o capital próprio aparece como o principal recurso. Mais da metade (56%) usará o dinheiro do próprio bolso e 10% irão vender algum bem. Somente 13% irão recorrer a empréstimos em bancos e financeiras. Para os empresários que pretendem fazer investimentos, a medida tem como principal objetivo aumentar as vendas (66%) ou conseguir atender a demanda que aumentou (21%). Os investimentos mais comuns devem ser a ampliação de estoques (27%), compra de equipamentos e maquinários (25%), reforma das instalações da empresa (22%) e gastos com propaganda e comunicação (19%).

Demanda por Crédito

Outro dado que demonstra a baixa confiança dos micro e pequenos empresários brasileiros é a queda do Indicador de Demanda por Crédito para os próximos 90 dias. Na passagem de julho para agosto deste ano, o indicador caiu 3,3 pontos, ao passar de 22,8 pontos para 19,5 pontos na escala.  Quanto mais próximo de 100, maior é a probabilidade de os empresários procurarem crédito e, quanto mais próximo de zero, menos propensos eles estão para tomar recursos emprestados para os seus negócios.

Em termos percentuais, somente 10% dos micro e pequenos empresários consultados manifestaram a intenção de contrair crédito para seus negócios nos próximos três meses. A maioria (75%) não deve tomar recursos emprestados. Questionados sobre o porquê do desinteresse pela busca de novos recursos, 54% alegaram ter condições de tocar a empresa com recursos próprios. Além disso, 29% consideram os juros elevados e 22% estão inseguros com as condições econômicas do país. Sobre o grau de dificuldade para contratar crédito, 34% dos micro e pequenos empresários reconhecem que atualmente está difícil conseguir crédito no mercado, principalmente em virtude do excesso de burocracia (52%) e dos juros altos (44%).

Considerando os empresários que devem contratar crédito pelos próximos 90 dias, a maior parte (40%) disse que vai recorrer ao microcrédito ou a empréstimos. Em segundo lugar aparece o cartão de crédito empresarial (17%), seguido dos financiamentos (16%) e da conta garantida (6%). Em média, o valor emprestado será de aproximadamente R$ 34.800 e as principais finalidades serão o capital de giro (32%), compra de equipamentos (23%), ampliação do negócio (19%) e pagamento de dívidas (18%).

“Diante de altas taxas de juros e de uma atividade econômica ainda fraca, muitos desses empresários limitam-se a manter seu negócio com recursos próprios, provavelmente postergando investimentos. É importante destacar que a questão dos juros altos precede a crise e precisa ser enfrentada para que esses empresários tenham maior incentivo a investir”, analisa o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.

Metodologia

Os Indicadores de Demanda por Crédito e de Propensão para investimentos do Micro e Pequeno Empresário calculados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) levam em consideração 800 empreendimentos com até 49 funcionários, nas 27 unidades da federação, incluindo capitais e interior. As micro e pequenas empresas representam 39% e 35% do universo de empresas brasileiras nos segmentos de comércio e serviços, respectivamente.  Acesse a íntegra do indicador e a metodologia em https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/indices-economicos

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