Economia
Melhoria na distribuição da renda no País pode ter provocado reação conservadora, segundo pesquisadora
Foto:Reprodução/Internet
Marta Arretche, professora titular do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo | Reprodução/Internet
Marta Arretche, professora titular do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo

Uma pesquisa do Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), realizada pela professora titular do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo e diretora do Centro de Estudos da Metrópole (CEM), Marta Arretche, demonstra que há duas histórias sobre a trajetória da desigualdade no Brasil.

O estudo levantou a estratégia de longo prazo de diferentes dimensões da desigualdade.

“A primeira história argumenta que a desigualdade no Brasil permaneceu constante, o Brasil que nós conhecemos. O Brasil em que os mais ricos se apropriam de ¼ da riqueza nacional. Esta é verdadeira e os trabalhos sobre isto são muito convincentes. Uma outra história diz que a desigualdade no Brasil caiu muito, caiu em uma taxa rápida e caiu numa taxa ainda mais rápida do que países que lograram ser países igualitários à mesma época. Esta história também é verdadeira”, diz.

Segundo a pesquisadora, por estranho que possa parecer as duas histórias são verdadeiras por estão tratando de coisas diferentes. “A primeira está tratando da concentração de riqueza. O quanto 1% mais rico se apropria do total da riqueza nacional. A outra está observando os outros 99%. O que aconteceu com os outros 99% foi um razoável grau de inclusão”, afirma Arretche.

Segundo a pesquisadora de 1984 a 2015 os mais pobres tiveram ganhos relativos maiores que os mais ricos. Segundo ela, houve muita inclusão do ponto de vista do acesso ao sistema público de saúde e educação e o salário mínimo aumentou consideravelmente. “Isto é um atributo da democracia brasileira. É verdade que os maiores ganhos ocorreram sobre os governos de esquerda, mas ocorreram também sobre outros governos”, afirma.

Marta Arretche diz que há um conflito, “quase uma perversidade”, em sociedades muito desiguais e que a melhora de vida dos muito pobres pode ter um impacto muito grande sobre o orçamento dos que são menos pobres que eles. “Estes são um dos grandes desafios que as sociedades altamente desiguais têm de enfrentar sobre a democracia”, ressalta.  

Como exemplo a pesquisadora cita o aumento significativo do salário mínimo no período estudado. “O salário mínimo não tem impacto apenas sobre o orçamento fiscal, sobre o equilíbrio das contas do governo. O valor do salário mínimo tem impacto sobre aqueles que compram os serviços dos trabalhadores que recebem o salário mínimo”, afirma Arretche, completando que as famílias tendem a ficar bastante divididas. “Se de um lado o aumento do salário mínimo pode representar um ganho de renda para alguém da família, ele também pode representar um aumento de custos para essa família. E é provável que este movimento esteja na raiz do que nós entendemos como uma reação conservadora”, observa.

Ainda segundo a pesquisadora, quando se começa a combater a desigualdade aumentando a renda dos muito pobres, isto tem efeito sobre os custos das pequenas empresas e sobre custos dos orçamentos das famílias. “E isto produz uma reação que não é apenas simbólica, mas é também material”, conclui.

Confira abaixo entrevista feita com a professora Marta Arretche.

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