Esportes
Etnias estrangeiras têm contato com a canoagem indígena brasileira durante os JMPI
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A canoagem indígena, utilizada pelas diferentes etnias nacionais como veículo de locomoção, é também o único esporte de identidade cultural do Brasil reconhecido oficialmente por uma entidade esportiva, no caso, a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa). Para aproximar os povos estrangeiros à cultura da modalidade, indígenas do México, Guiana Francesa, Colômbia, Finlândia, Nova Zelândia, Canadá, além de povos brasileiros sem tradição na prática, entraram na água e fizeram o reconhecimento do equipamento e do ribeirão Taquaruçu Grande, que receberá as competições na sexta-feira (30.10).

Foram fabricadas 20 canoas especialmente para as disputas dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, com 5,5 metros e aproximadamente 55kg, com tamanhos e pesos iguais. Para cada uma delas, a organização do evento fará a reposição ambiental de dez mudas de andirobeira. “Cada uma tem nome e pinturas próprias, para ter identidade única. Elas são joias e não haverá outras iguais. As canoas foram fabricadas por um conselho de nove engenheiros de povos diferentes, que projetaram o equipamento especialmente para os Jogos Mundiais”, explicou Carlos Gouveia, integrante do ITC (Comitê Intertribal).

Mas com quantos paus se faz uma canoa? O pesquisador Evaldo Malato explica que toda a construção é artesanal, com a derrubada da árvore, o corte, a retirada das medidas, a fase da queima – onde fica quase dois dias em cima do fogo –, até esculpir. O processo demora de 15 dias a um mês.

A canoa dos Jogos Mundiais foi fabricada com tronco de árvore da madeira de cedro-arana. O equipamento conta com selo verde, certificado pelo Ibama. “Quando os Jogos terminarem, dez canoas continuarão nas mãos da organização para que sejam utilizadas nas próximas edições do evento. Assim, não precisaremos derrubar novas árvores para fazer as canoas”, revelou Carlos Gouveia.

O pesquisador Malato acrescenta que a canoa é parte importante da cultura dos povos brasileiros. “Quando os portugueses chegaram ao Brasil já avistaram os indígenas em suas canoas. A canoa é o veículo de locomoção que supre as necessidades, como carregar compras e levar para outras comunidades”, disse.

Para alguns indígenas foi a primeira vez que experimentaram a canoa dos povos brasileiros. Os uruguaios, por exemplo, deixaram a água entrar diversas vezes, virando a canoa no rio. Durante o reconhecimento do equipamento, teve também representante de etnia brasileira que não tem tradição na prática, como o Jairton Kaingang do Paraná, 24 anos. “Quando fiquei sabendo que teria a prova da canoa, eu me inscrevi, pois nunca tinha entrado em uma canoa dessa, pequena. Temos na aldeia somente uma canoa grande”, afirmou.

O tetracampeão mundial de paracanoagem Fernando Fernandes também apareceu nas margens do ribeirão Taquaruçu Grande. O atleta ficou fascinado ao observar como o esporte é tratado pelos indígenas. “Vim para cá para conhecer as raízes do meu esporte. Está sendo uma experiência fantástica. Na última semana passei cinco dias na aldeia do povo Javaé, em Tocantins. Foi uma troca de experiência incrível. Levei o meu caiaque e eles experimentaram e enfrentaram um pouco de dificuldade, porque é bem estreito. São esportes diferentes”, ressaltou.

Outro atleta que conferiu os preparativos para o início das disputas na água dos JMPI foi Allan do Carmo, recém chegado da última etapa da Copa do Mundo de Maratonas Aquáticas da Federação Internacional de Natação (FINA) de 2015, na qual garantiu o vice-campeonato da atual temporada.

Allan, campeão mundial em 2014, destacou a importância da realização da primeira edição mundial dos Jogos em solo brasileiro. “É muito bacana. A gente começou dos índios, principalmente lá na Bahia. É uma coisa forte para mim, que sou baiano. É a congregação, a união dos povos. É um feito importante, que a gente espera que tenha continuidade. Fico feliz por participar deste momento histórico. É onde tudo começou, todos nós somos indígenas”, afirmou.

O atleta olímpico valorizou ainda a oportunidade de entrar em contato com as raízes do seu esporte. “A maratona aquática vem muito disso aqui. Era o pessoal que saía para pescar, que saía para nadar. Depois vai virando esporte, a natação começa disso aqui. Realmente é a origem do meu esporte, vou estar compartilhando um pouquinho aqui com eles, ver como é que eles nadam”, disse.

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