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Sem feriado, especialistas avaliam reflexos da autonomia do Estado; economista propõe pacto da sociedade e antropólogo diz que elite se beneficiou mais
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No dia 18 de março é comemorado o Dia da Autonomia do Tocantins e marca o dia da assinatura do Alvará de Instalação da Comarca do Norte em Paranã, assinada por D. João VI, no ano de 1809. Ela representa o marco inicial da luta pela emancipação do Estado do Tocantins. Mesmo em razão do fato histórico a data não é mais feriado. Alguns políticos do Estado defendem que o feriado seja resgatado voltando a integrar o calendário de feriados. Uma proposta nesse sentido já tramita na Assembleia Legislativa do Tocantins.

Especialistas comentaram ao Conexão Tocantins sobre como o processo de autonomia está presente atualmente no Estado. Do ponto de vista econômico o pós doutor em Economia e professor do Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Waldecy Rodrigues, afirmou que a autonomia foi importante e deve ser comemorada. “A autonomia do norte goiano foi importante, após esse momento essa região teve desenvolvimento importante. De toda sorte a data é de se comemorar mesmo”, disse. Segundo ele os governos que passaram pelo Estado tiveram muita dificuldade na condução tanto fiscal como estratégica do Estado, bem como nas contas públicas. “Porém ainda assim há grandes perspectivas para o Tocantins se tornar uma das regiões mais prósperas do Brasil e do mundo, uma das últimas fronteiras agrícolas do planeta”, avaliou.

Segundo o professor repetidos governantes continuavam “a não gerir com a atenção necessária os gastos do governo, gerando crescentes pressões no gasto com pessoal, também um imenso descuido nas compras governamentais, o que elevou e muito os gastos correntes, muitas vezes com produtos e serviços sem sua efetiva utilização”, disse. Ele defende um pacto da sociedade civil e de suas instituições em prol do desenvolvimento do Tocantins. “Sozinho o governo não logrará êxito”, disse.

Os sinais da prosperidade na região, segundo o especialista, são evidenciados através dos recentes investimentos logísticos bem como a ferrovia entrando em funcionamento e a perspectiva das hidrovias com foco na região. “Mas é importante também a forma como a sociedade vai se apropriar desse processo porque há a necessidade que diversos segmentos sociais sejam beneficiados dessa expansão que vai acontecer e isso independe de governo”, disse. O fato do Estado ter um dos menores índices de Desenvolvimento Humano – IDH deve levar em conta. “Qualquer processo de desenvolvimento passa necessariamente pelas condições dos moradores no campo da Educação, Saúde e questão social, essa onda de prosperidade que vai vir só pode ser melhor aproveitada se houver articulação com a melhoria das políticas públicas”, disse ao citar que a área de Ciência e Tecnologia é importante nesse processo.

Para o antropólogo Marcio Santos os dados socioeconômicos do Estado mostram os avanços significativos com a autonomia mas ainda é preciso avançar com relação às minorias. “Os avanços são significativos em termos de programas sociais e serviços públicos, a autonomia melhorou mais a  vida de alguns da elite econômica que se beneficiaram mais. É preciso avançar ainda nas questões territoriais e direitos de populações diferenciadas”, avaliou.

Dados mostram que, considerado como o "Novo Eldorado", o Tocantins viu crescer de 10 para 61 o número de pessoas com renda acima de US$ 1 milhão; por outro lado, PNAD 2013 mostrou que 623 mil habitantes do Tocantins, 47% da população, sofrem com insegurança alimentar.

O historiador Bruno Moura afirmou que o significado histórico da autonomia não pode ser perdido. "É a memória histórica do Estado e precisa ser comemorada  principalmente nas escolas", frisou.

Fator político

Sobre o desenvolvimento político do Estado o professor de política e filosofia da Universidade Federal do Tocantins (UFT) Manoel Miranda, que está licenciado para Pós-Doutorado em Portugal, sempre se posicionou criticamente sobre o assunto. Ele chegou a dizer que o voto de cabresto e a política clientelista no Tocantins ainda são muito fortes. “E isso caracteriza corrupção, porque tudo é feito com dinheiro público”, sustentou o analista político, que chegou a defender que a reforma política tem que começar do presídio.

Para ele, o Estado ainda precisa amadurecer politicamente. “As últimas eleições no Tocantins têm apresentado fatores inéditos. Cassação de governador, renúncia de governador. E isso têm possibilitado uma diferenciação, dada a instabilidade política que tem vivido o Estado nesse contexto”, chegou a avaliar o professor, que disse ainda, que, no campo das ideias, há um esforço muito grande de se modificar o discurso político, alterar as práticas e de se criar uma objetividade de solução para as demandas e problemas. “É possível ver isso de forma muito aguçada nos discursos”, disse.

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