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Vem aí o pequi geneticamente modificado, sem espinhos

A Embrapa Cerrados quer modificar geneticamente a fruta originária do Brasil Central, para conseguir mais sabor e melhorar as características nutricionais e culinárias.

Um pequi sem espinhos e com o sabor mais apurado começa a ser desenvolvido a partir deste mês pela Embrapa Cerrados, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Um projeto coordenado pelo agrônomo Sebastião Pedro da Silva Neto pretende reunir em um único exemplar as melhores características da fruta-símbolo do cerrado, que, além de se destacar na culinária da Região do Norte de Minas e do Centro-Oeste e Norte do país, pode ser utilizada para a produção de biodiesel.

Como não existem pesquisas anteriores com o intuito de melhorar o pequi, os cientistas começaram o trabalho do zero. Uma planta cujos frutos nascem sem espinho serve como uma das bases para o trabalho. "Ela foi encontrada na natureza e provavelmente apresenta essa peculiaridade devido a uma mutação", explica Neto, que também pretende aumentar a quantidade de polpa da fruta e tornar os exemplares saborosos mais frequentes.

"Existe uma variedade muito grande de pequis. Em alguns, mal se encontra polpa, e nem todos são saborosos", afirma o doutor em biotecnologia agrícola. Segundo ele, uma pesquisa como essa também vai ajudar a preservar o patrimônio genético da fruta, ainda não explorado. A equipe responsável pelo trabalho é composta por 15 pessoas, entre profissionais e estudantes das áreas de genética, biotecnologia e meio ambiente.

Além de identificar os componentes responsáveis pelas melhores características da fruta, o grupo terá de descobrir a forma ideal de reprodução desse tipo de pequi. Como a polinização do pequizeiro é cruzada, não se pode garantir que uma árvore tenha a mesma característica da planta de origem. Além disso, os métodos clássicos de clonagem, como o enraizamento de estacas ou a enxertia, não funcionam com o pequi. Por isso, os pesquisadores pretendem estudar outros três caminhos possíveis.

O mais simples deles é a germinação in vitro. "Podemos resgatar o embrião da semente, que, no pequi, leva muito tempo para se desenvolver", explica o pesquisador. "Não sabemos a razão dessa dormência, que impede o rápido desenvolvimento da semente, e a pesquisa pretende investigar isso", diz. Um trabalho nesse sentido pode inclusive assegurar a preservação da espécie, que, em alguns anos, deve se encontrar ameaçada por lavouras.

Outra possibilidade é utilizar a organogênese, um procedimento que busca originar um indivíduo completo a partir de uma célula qualquer da planta que se deseja clonar. É algo semelhante ao que se pretende fazer com as células-tronco em humanos, só que em um campo onde os dilemas éticos são bem menos polêmicos. Essa é a opção que, segundo os pesquisadores, apresentaria os melhores resultados.

Por meio da embriogênese somática, os cientistas seriam capazes de transformar qualquer célula em um embrião. Por ser pequeno, esse embrião permitiria seu desenvolvimento em larga escala sem precisar de muito espaço e, com uma proteção artificial, semelhante a uma semente, seria comercializado com facilidade. "Em termos de tecnologia, isso abriria possibilidades incríveis, mas esse é o procedimento mais complexo dos três", explica Neto, que lembra que não há registros de embriogênese somática no Brasil.

Perigo para os desavisados

Fruta nativa do cerrado brasileiro, o pequi (do tupi, pyqui, casca espinhosa) é usado tradicionalmente na elaboração de doces, licores e pratos regionais do Brasil Central, como o arroz e o frango com pequi. O fruto, que também responde pelo nome científico Caryocar brasiliensis, é famoso pelos finos espinhos que envolvem seu caroço e costumam machucar os desavisados que mordem a fruta em vez de raspar cuidadosamente sua polpa com os dentes.

Semelhante a uma laranja pequena, o pequi é rico em vitaminas A, C e E, em sais minerais (fósforo, potássio e magnésio) e em carotenoides, que previnem tumores e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. A castanha do pequi, que se encontra dentro do caroço, é comestível e saborosa. Rica em zinco e iodo, ela contém cálcio, ferro e manganês e costuma ser utilizada na indústria de cosméticos para a produção de sabonetes e cremes feitos para fortalecer a pele.

O pequizeiro apresenta raízes profundas, mas com capacidade para se desenvolver horizontalmente em solos rasos. A árvore do pequi pode ser usada para a recuperação e reflorestamento de áreas e produção de madeira para xilografia, construção civil e naval. O óleo do pequi, extraído de sua castanha, também serve para a fabricação de biodiesel.

Fonte: Jornal de Uberaba

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