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Falta estudo mais aprofundado sobre a proliferação de piranhas no Lago da UHE Lajeado
Foto:Paulo Sousa
Paulo Sousa

Nos últimos anos as belas praias de Palmas, que atraem turistas de todo o país, têm sido manchete na imprensa local e até mesmo nacional, não por ser o mais importante atrativo turístico da capital, mas pelos ataques de piranhas a banhistas que frequentam esses locais em busca de diversão.

Com a aproximação da alta temporada, que acontece nos meses de julho e agosto, o problema volta a preocupar, visto que, apesar dos ataques terem começado há algum tempo, ainda existem questões em aberto sobre este tema.

Afinal, como está a problemática dos ataques de piranhas no Lago da UHE Lajeado? Existe uma proliferação dessa espécie de peixe?

Relato dos Pescadores

Sabe-se que foram instaladas pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedet), telas de proteção que limitaram uma área específica para banho nas praias oficiais da capital, sendo elas: Praia do Prata, da Graciosa e das Arnos.

Contudo relatos de pescadores amadores da área da Praia da Graciosa apontam que é comum ver, tanto banhistas que sofreram ataque de piranhas dentro da área cercada, quanto grande quantidade da espécie no lago durante as atividades de pesca. Deste modo, é possível presumir que ainda existe risco para os frequentadores das praias da capital.

Logo, tais questionamentos permanecem e motivaram a equipe do Conexão Tocantins a lançar um olhar mais profundo sobre este fato que, apesar de ser abordado apenas nos períodos de frequencia mais intensa das praias de Palmas, é muito importante para toda a população, pois causa impacto direto sobre o campo de turismo na capital.

Opinião da Sedet

O Gerente de Promoções Turísticas da Sedet, Gleiçon Bastos, em entrevista ao Conexão Tocantins, argumentou que os ataques representam sim um prejuízo financeiro para o setor de turismo. Ele afirma ainda que o fato da imprensa dar muito respaldo aos acidentes com piranhas contribui muito com essa situação. “Na verdade, os ataques são isolados”, afirma.

Porém, os ataques de piranhas são um fato, e apesar de, aparentemente, terem reduzido com a instalação da rede, esse ainda é um problema concreto a ser resolvido pelos órgãos responsáveis.

A importância da pesquisa

O Doutor em ecologia e pesquisador da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Carlos Sérgio Augustino, destacou que o ambiente de água parada é propício ao aumento de piranhas. "Geralmente tem a alga macrófita, que contribui com o aumento do número de piranhas". De acordo com o pesquisador, no período reprodutivo as piranhas atacam para proteger a prole.

Ele ressalta também que para diagnosticar o problema das piranhas é preciso sair a campo, colocar armadilha, coletar amostras. Um trabalho amplo que exige um tempo de monitoramento, mas que só através disso pode-se ter sucesso na resolução do problema.

Augustino ainda relata que “alguns anos atrás, nos primeiros ataques, a universidade foi chamada para avaliar e discutir o que estava acontecendo. Então foi feita uma proposta de estudo, apresentado um orçamento (para a secretaria do Meio Ambiente) que não deu em nada, não aprovaram.”

Medidas da Sedumah e ações

Atualmente, em termos de medidas quanto a esse problema, a Diretora de Meio Ambiente da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, Meio Ambiente e Habitação (Sedumah), Sandra Sonoda, informou que é realizado anualmente no período de alta temporada o Projeto Praia Limpa, que tem como objetivo conscientizar os banhistas quanto à limpeza das praias, principalmente, no que se refere a restos de alimentos

Segundo a diretora, quando iniciaram os ataques de piranhas, foi diagnosticado, a partir de um monitoramento preliminar feito em conjunto com a Universidade Federal do Tocantins, que os restos de alimentos seriam um atrativo para esses peixes.

E, além disso, foi feita, conforme afirma Sandra, a retirada de algas macrófitas e uma limpeza da área dos banhistas no ano de 2006. Contudo, ela argumenta que por falta de verba não foi realizada uma pesquisa, de fato, sobre o tema, e que a ausência de um auxílio mais significativo da Investco também foi um empecilho para a resolução deste problema. “A própria Investco poderia ter estudado a fundo essa questão, na época nós chamamos, mas eles colocaram mil dificuldades”, destaca.

Palavra da Investco

Procurada pelo Conexão Tocantins, a Investco declarou por meio de comunicado que cumpre com todas as suas obrigações em relação ao Usina Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães - Lajeado.

Segundo a Assessoria da Investco, a empresa já implementou 33 programas ambientais e deu destaque ao Programa de Monitoramento da Ictiofauna. “O objetivo [do programa] é o estudo e monitoramento dos peixes da região, que é conduzido desde o início do empreendimento pela Universidade Federal do Tocantins - UFT”, destacou.

O Conexão Tocantins entrou em contato com a bióloga e pesquisadora da UFT, Elineide Eugênio Marques, que participou desse monitoramento, que segundo ela foi feito de outubro de 1999 à setembro de 2004 - período anterior ao início dos acidentes. E ela destaca ainda que o trabalho não tem foco específico na problemática das piranhas, mas sim meio ambiente do lago como um todo.

“Isso já era esperado, biologicamente a mudança de ambiente do rio, que é água corrente para água mais lenta favorece as piranhas”, afirma a pesquisadora.

Tiro no escuro

Pouco tem sido noticiado sobre ataques de piranhas, o que pode ou não significar um efeito positivo das medidas adotadas. Um ponto que merece muito destaque é que é preciso saber de fato qual a real situação do Lago da UHE Lajeado, no que se refere aos ataques de piranhas, para, então, resolver o problema em definitivo. E os próprios órgãos públicos envolvidos com essa problemática, aparentam não ter um conhecimento amplo do que, de fato, pode estar acontecendo.

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