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"As queimadas não têm relação com o agronegócio", assegura produtor rural tocantinense; Aproest destaca preocupação
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A Associação dos Produtores Rurais do Sudoeste do Tocantins (Aproest), que atua na região da Lagoa da Confusão, tem se destacado no combate às queimadas e na promoção de práticas voltadas à preservação ambiental. O agronegócio, principal atividade econômica local, enfrenta desafios crescentes com a incidência de incêndios florestais, especialmente durante o período de seca. Diante disso, a Aproest mobiliza os produtores rurais para adotarem práticas mais sustentáveis e contribuírem ativamente para a proteção dos recursos naturais da região.

Wagno Milhomem, produtor rural e presidente da associação, defende que o agronegócio não é o culpado pelas queimadas e destaca o trabalho do setor no combate a elas. “As queimadas não têm relação com o agronegócio. Pelo contrário, nós, produtores rurais, trabalhamos para preservar o solo e a terra. Após a colheita, mantemos a palhada sobre o solo, sem utilizar fogo, pois isso ajuda a conservar a umidade. Para evitar que o fogo alcance nossas áreas, criamos aceiros, que são barreiras de proteção. Além disso, adotamos o plantio direto, uma técnica que altera minimamente o solo, preservando a estrutura do solo, os microorganismos do solo e ainda mantendo a umidade. Dessa forma, podemos plantar novas culturas sem a necessidade de revolver a terra, garantindo maior produtividade e preservando a matéria orgânica do solo”, explica Milhomem.

Ele também ressalta que, embora as brigadas de incêndio recebam apoio dos produtores, a responsabilidade principal é do poder público, que dispõe de recursos e orçamento para isso. No entanto, as medidas preventivas no campo são realizadas pelos produtores. “Hoje em dia, queimar a palha representa um grande prejuízo: perdemos matéria orgânica, umidade do solo e produtividade. Existe muita desinformação sobre esse assunto nas áreas urbanas", conclui Milhomem.

O consultor ambiental, Almir Rabelo, complementa que o produtor rural tem medo do fogo e já tem plena consciência do estrago que ele pode causar. “Quando analisamos o que está acontecendo, somos levados a profundas reflexões, especialmente sobre a emissão de carbono, especificamente o CO2 liberado pelas queimadas. Essas queimadas emitem monóxido de carbono pela fumaça e também liberam CO2 em partes que queimam sem emitir fumaça, o que gera grande preocupação”, alerta

Ele também enfatiza que é preciso estar ciente da importância do plantio direto com palha, prática essencial para preservar a umidade e proteger o solo, evitando que a palha seja queimada. “A palha é fundamental para melhorar a qualidade do solo, aumentar sua capacidade de armazenar água e aprimorar a microbiologia, que, por sua vez, melhora a disponibilidade de nutrientes para as plantas. À medida que a palha se decompõe, recicla nutrientes, trazendo benefícios cruciais”, destaca.

Aquele que adota o plantio direto já pratica a preservação do solo e a prevenção contra incêndios. Para aqueles que possuem lavouras próximas a estradas, Almir recomenda a implementação de uma pequena faixa de plantio convencional como medida preventiva, especialmente em períodos de seca, para impedir que o fogo atinja a palha. Em casos de incêndios, é necessário utilizar uma grade para cobrir a palha com terra e conter as chamas, o que reforça a importância dessa faixa de plantio.

Por fim, o especialista afirma que a posição do produtor é sempre a de preservar o solo, pois ele sabe que quanto mais palha e fertilidade tiver, melhor será sua produtividade. “A microbiologia do solo é mais rica quando a palha não é queimada, já que a queima destrói a 'comida' dessa microbiologia. Não há entre os produtores, especialmente aqueles com solos de alta qualidade, o desejo de queimar a palha, pois isso compromete a qualidade física, química e biológica do solo, além de reduzir a produtividade. Em tempos de crise financeira, o produtor não pode se dar ao luxo de investir e não colher. Portanto, é injusto culpar o produtor rural pelas queimadas”, conclui.

Queimadas

Segundo boletim divulgado pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), em 2024, o Tocantins já registrou 11.281 focos de queimadas, com 2.854 ocorrências concentradas apenas na primeira semana de setembro. Os municípios de Lagoa da Confusão (17%), Pium (9%) e Formoso do Araguaia (9%) estão entre os mais afetados, liderando o ranking de ocorrências, com registros variando de 53 a 489 focos em diferentes regiões. (Kiw/AI)

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